
"Esta substituição da ideia reprimida – o sintoma – é protegida contra as forças defensivas do ego e em lugar do breve conflito, começa então um sofrimento interminável. No sintoma, a par dos sinais do disfarce, podem reconhecer-se traços de semelhança com a ideia primitivamente reprimida. Pelo tratamento psicanalítico desvenda-se o trajeto ao longo do qual se realizou a substituição, e para a recuperação é necessário que o sintoma seja conduzido pelo mesmo caminho até a ideia reprimida" - Freud, 1910
Ansiedade e medo são estados comuns, normais e necessários para a sobrevivência. Segundo Holmes¹, ambos conceitos têm aproximação na iminência de um perigo onde podemos pensar que no medo este se dirige a um objeto e, na ansiedade, o estímulo vem de características em geral mais subjetivas e não localizáveis. A ansiedade está presente no desenvolvimento humano, nos mantém alerta para a tomada de decisões na iminência de que algo dê errado, faz parte de mudanças, aumenta nossos esforços/empenho e nos prepara para situações inéditas, sendo desejável em um nível normal.
O que acontece é que quando a ansiedade vem sem causa aparente (livremente flutuante), em intensidade exagerada, com maior duração e trazendo prejuízos ao dia-a-dia (paralisação de atividades, recorrência de insônia, falta de atenção, dificuldades de aprendizagem, fixação de pensamentos e etc) temos características de uma ansiedade generalizada e, portanto, patológica. Neste momento, é necessária a ajuda de um Psicólogo ou Psicanalista para investigação dos conflitos desencadeantes desse sintoma e, para alguns casos, é indicado também acompanhamento psiquiátrico pontual.
Tal qual Freud postulava já no século XIX em seus estudos sobre as neuroses atuais e a então "neurose de angústia", a ansiedade diz respeito a um acúmulo da energia psíquica e uma impossibilidade de elaboração de excitações internas, sendo um estado perturbador da consciência.
Vale ressaltar que a ansiedade não apenas está presente no Transtorno de Ansiedade Generalizada, mas também na Agorafobia, no Transtorno de Estresse Pós-traumático, dentre outros quadros clínicos em que a ansiedade aparece como sintoma primário.
Quais são os indicadores de uma ansiedade generalizada?
A vivência psíquica pode trazer apreensão, irritabilidade, angústia, insegurança, aceleração dos pensamentos, sentimentos de condenação e desastre iminentes sem causa aparente ou de forma antecipatória, dentre outros, sendo duradores e intensos. Na esfera física, pode vir acompanhada de aperto no peito, tremores, tonturas, ânsias de vômito, tensão muscular, palpitações, excesso de suor, mal-estar gástrico, dor de cabeça, necessidade súbita de evacuar, inquietação, insônia e etc.
¹Holmes, David S. Psicologia dos transtornos mentais / David Holmes; tradução Sandra Costa - 2 ed - Porto Alegre: Artmed