Ao nascer, o bebê é inundado de diferentes estímulos (da ordem do tato, olfato, paladar, visão e audição) aos quais não tinha acesso ou tinha diferenciado acesso no ventre da mãe. Não tendo como de imediato suportá-los, o bebê precisa descansar e ser apresentado gradualmente ao mundo podendo, então, significá-lo.
Segundo o Psicanalista Spitz¹, existiriam algumas condições que explicariam o comportamento do recém-nascido afim de favorecer a significação. Para ele, o bebê teria uma espécie de "barreira" protetora sobre a maior parte dos estímulos que percebemos à todo momento e o processo de entrada destes seria gradual e ligado à maturação (corporal e psíquica). A partir dessa apresentação gradual aos estímulos o recém nascido pode também, gradativamente, significar.
A mãe (ou função materna) também teria importante papel neste processo, pois protegeria o bebê fisicamente da sobrecarga e daria assistência aos estímulos internos do bebê (alimentação, troca de fraudas, proteção e etc.)
Por fim, o mais importante para Spitz: a reciprocidade mãe-bebê faria com que ele possa construir imagens coerentes do mundo. O diálogo seria capaz de transformar os estímulos inicialmente sem significados em significativos, sendo que, ao nomear o que o bebê sente, partes do seu corpo, suas necessidades e outras vivências os cuidadores dão subsídios para isso. Neste sentido, entende-se como primordial o estímulo na medida certa e respeitando o necessário descanso do bebê afim de propiciar um contato gradual, coerente e amistoso com o mundo.
¹René Árpád Spitz, em "O primeiro ano de vida" - Capítulo III
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