Se você está antenado sobre as novidades da internet, ficou sabendo que a Youtuber Jout Jout gravou um vídeo lendo o livro “A parte que falta” que, em poucas horas, tornou-se uma sensação. O livro fala sobre a busca do personagem principal em encontrar o que lhe falta e posteriormente tudo aquilo o que deixou de perceber ao estar completo. Uau! É desse tipo de reflexão que a Psicanálise gosta e fala incansavelmente!
Bem, mas porque o vídeo gerou tamanha comoção? [deixarei o link abaixo e sugiro assistí-lo antes de continuar essa leitura]. Vivemos um momento em que há o estímulo para que nada falte. Vivemos um tempo em que “temos” que produzir o tempo inteiro, ter namorado(a), filhos(as), ter mestrado, doutorado, intercâmbio, ter uma boa casa, carro, se ocupar, viajar, se medicar quando estamos tristes e ser feliz. Feliz o tempo todo, ter uma vida inabalável e de descartabilidade daquilo tudo o que não nos vai bem. Como se a felicidade estivesse nos diversos objetos do mundo, para além de nós mesmos e pudesse ser vivenciada a todo instante.
E nesse turbilhão onde não há tempo para apreciar as pequenas [e grandes!] coisas da vida, não há ócio, não há o debruçar-se em nossos sentimentos mais íntimos, olhar para as escolhas que fizemos na vida e até mesmo para quem somos. O personagem principal em sua momentânea completude, vê a vida passando muito rápido.. sem ter como sentir o aroma de uma flor, sem contato com a borboleta e não podia sequer cantar, abrindo mão desse estado para voltar a ser faltante. Ah... e como a falta muda as coisas, não!?
Será que não estamos vivendo compulsoriamente e com a ilusão de completude? Não estamos rolando rápido demais sobre as coisas da vida?
Os objetos sociais nos estimulam o afastamento da nossa verdade individual e, quando surge um vídeo como esse, somos obrigados a olhar para dentro. Olhar a nossa falta, aquela a qual não há parte que complete.
E por falar em parte, o papel da parte na história também é incrível! A parte diz claramente que não é parte de ninguém, mas é parte completa, ou seja, não é aquela que vive para completar algo ou alguém. E você? É o protagonista da sua história pessoal com sua falta ou está buscando ser a parte que falta a alguém?
Talvez você queira ser a parte de si mesmo(a) e, como tal, faltante.
Pensemos.
Link do vídeo de Jout Jout: https://www.youtube.com/watch?v=GFuNTV-hi9M&feature=youtu.be
Livro: “A parte que falta”, de Shel Silverstein - editora Companhia das Letrinhas
Comments