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Reflexões sobre o sofrimento do idoso

Foto do escritor: Vanessa DiasVanessa Dias


A fragilidade e o sofrimento psíquico do idoso passam por aspectos biológicos e aspectos externos/internos, sendo que me deterei no presente texto mais aos dois últimos. Em fatores externos podemos pensar nos conflitos familiares, a aposentadoria, as amizades que podem se tornar escassas, dentre outros; enquanto que nos fatores internos, podemos apontar a dor, a forte consciência da finitude, a solidão e a angústia como fatores que podem levar a fragilidade. Esses aspectos variam de acordo com o momento histórico, a economia, a cultura, classe social, histórico do indivíduo e etc, podendo ser maiores face às perdas funcionais, afetivas, sociais e existenciais, como o desamparo.

O artigo "Velhices fragilizadas: espaços e ações preventivas"¹, traz importante reflexão sobre a mudança dos valores sociais em que, após o modelo de produção capitalista e a sociedade de consumo, a velhice passa a ser marginalizada em relação à juventude – ligando-se à falta de capacidade produtiva/reprodutiva – e o lugar do idoso seria quase um “não-lugar”. O idoso passa a receber aposentadoria e ser um “problema” ou “encargo” para o restante da sociedade, considerando essa visão.

Além da posição social negativa, há uma potencialização da questão existencial sobre o sentimento de finitude – elaborado ou não durante a vida.

O texto destaca ainda ser possível identificar no discurso do idoso a falta de plasticidade, a resistência em relação às mudanças, onipotência, rancor, frustração, falta de vínculo inter-geracional ou resistência para criá-lo. Por estes motivos, seria importante o idoso ser atendido em forma de “Redes de Suporte” com, por exemplo, atendimento psicológico, associações, centros-dia, acompanhantes terapêuticos e etc.

O trabalho ilustra de forma importante as condições de fragilidade aplicadas a realidade brasileira, aspectos os quais devem ser considerados em um atendimento. Em complemento, além dos aspectos elencados, aparece tudo aquilo que diz respeito à subjetividade e singularidade do sujeito enquanto componentes únicos em sua história.

A beleza do trabalho psicoterapêutico reside em considerar o sujeito em sua totalidade, respeitando sempre suas vivências e a riqueza de sua história, sem perder de vista a fase da vida em que se encontra e a sociedade em que vive.



¹"Velhices fragilizadas: espaços e ações preventivas", texto do livro "Velhices: reflexões contemporâneas", vários autores, SESC-SP e PUCSP, 2006

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